Problemas com sono? Especialista tira dúvidas

Segundo a gerontóloga, muitos idosos precisam apenas regular os horários de se deitar para ter boas noites de sono

Um sono de qualidade contribui para uma vida mais longa e o cérebro saudável, contribuindo ainda para manter a memória e a concentração ativas. Mas e quando este momento torna-se um problema? Para sanar todas as dúvidas, o Franquia Educacional realizou uma entrevista exclusiva com a gerontóloga Eva Bettine. Confira:

• Dormir depois do almoço é bom? Por que será que às vezes a gente dorme nesse horário e acorda cansado?

O sono depois do almoço é excelente para que o processo digestivo se faça sem que a gente fique exigindo do corpo um estado de alerta que ele não pode oferecer, contribuindo para o bom funcionamento de um cérebro saudável. Mas o intervalo deste sono deve ser entre 15 e 30 minutos no máximo e as condições do ambiente não podem simular uma noite, senão o organismo entra num processo de sono mais profundo e quando você tenta acordar e se levantar, fica com preguiça, dores no corpo e ás vezes até desanimado para continuar o seu dia.

• Quais são as consequências de ter um sono de má qualidade?

O prejuízo mais visível é no estado de humor. Quem não dorme bem, fica irritado e impaciente com as mesmas situações que não o perturbariam normalmente. Mas há outras implicações: sonolência diurna, perda da capacidade de atenção, prejuízos na memória e nos novos aprendizados. Há reflexos também na aparência da nossa pele, cabelos e visão.

• Eu acordo muitas vezes à noite para ir ao banheiro. Isto prejudica meu sono?

Muitas pessoas mais velhas relatam que acordam durante a noite para ir ao banheiro e depois demoram a retomar o sono. Se isso acontece uma ou duas vezes, não há motivo para se preocupar, você tem um cérebro saudável! Porém, se o número de idas ao banheiro for superior, a pessoa precisa verificar as possíveis causas do problema, que podem ser várias: ingerir líquidos à noite, tomar medicamentos diuréticos próximo à hora de se deitar, problemas cardíacos (eles podem provocar a retenção de líquidos durante o dia e quando a pessoa se deita, vai precisar liberar estes líquidos durante a noite).

• O que são ritmos biológicos e o que eles têm a ver com o sono?

Se você prestar atenção, perceberá que tudo na nossa vida tem ritmo: os batimentos cardíacos, a pressão arterial, a temperatura corporal, a produção de hormônios… Tudo oscila entre dia e noite e tem a ver com o ambiente, ou seja, a presença ou ausência do sol, além de ter relação também com controle interno dos organismos. O nosso sono é influenciado pela produção de hormônios que nos ajudam a dormir e acordar também e têm seus horários de “funcionamento”. Por isto, ressaltamos a importância do sono noturno. As pessoas que não têm um sono noturno adequado, acabam por cochilar muito durante o dia e entram num círculo vicioso que às vezes os leva a ingerir medicamentos indutores do sono, sem necessidade real de toma-los.

• Para algumas pessoas, poucas horas de sono bastam. O que você acha?

Realmente muitas pessoas precisam de menos tempo de sono do que a maioria, principalmente quando vamos ficando mais velhos. Existem alguns que com 5 horas de sono já estão aptos para começar a rotina novamente. O importante é que cada pessoa conheça seu ritmo para adaptar sua necessidade de sono à rotina de sua família e tenha assim, um cérebro saudável.

• Se a pessoa sofre de insônia – É bom ir dormir cedo?

Não. Se a pessoa tem dificuldade de conciliar o sono, o melhor a fazer é ir adaptando os seus horários para se deitar, pois ficar na cama esperando o sono chegar gera uma situação estressante e piora a situação. O mais indicado é praticar alguma atividade que seja um pouco mais relaxante, sem muito barulho e iluminação forte e que espere estar com sono para ir para a cama. Mas é importante ressaltar que insônia é a ausência de sono. Isso é um distúrbio, mas não é tão comum acontecer.

Por: Eva Bettine

 Gerontóloga e pesquisadora em ritmos biológicos, ciclo vigília/sono

Outubro de 2016 – Supera – Ginástica para o cérebro